
Meditação ... O desenvolvimento da mente
13. Observando as Três Características
Empregamos a reflexão com sabedoria para contemplar o Dhamma, em particular as três características da existência – impermanência, insatisfação e não-eu. Contemplar essas três características ajuda a diminuir a proliferação mental que em geral agita a mente. Com o emprego da atenção plena na meditação formal e na contemplação, o grau de consciência do momento presente irá aumentar e o número de fantasias e devaneios diminuirá. Seremos capazes de capturar todas as velhas lembranças, humores e pensamentos com muito mais rapidez e pouco a pouco abandoná-las. Quanto mais pudermos abrir mão de toda essa proliferação mental, menos sofrimento e estresse. Contemple esta mente, a mente que tende a proliferar e fantasiar, desgarrando-se para o passado e o futuro. Devemos nos treinar a ver as coisas como incertas, em mudança, como impermanentes. Não importa o quanto tentemos planejar o futuro, este nunca acaba sendo como pensávamos. Muito tempo pode ser perdido com esse tipo de pensamento. Mas como ainda somos obstruídos pela delusão, essas formações mentais ocorrem continuamente. Por conseguinte, o praticante habilidoso deve manter a mente sob observação, vendo que toda essa proliferação é impermanente, insatisfatória e não-eu. Se procurarmos por um eu, uma pessoa, um ser, qualquer eu concreto ou outro tipo de eu nessa proliferação mental, isso não será encontrado. Isso é chamado usar a impermanência, insatisfação e não-eu como nosso objeto de meditação. Ajaan Chah diria que usar as três características como objeto de meditação dá origem à verdadeira sabedoria, pois tem a força para mudar o entendimento incorreto e as distorções da mente. Mas se a sabedoria não surgir em toda a sua plenitude, é porque a nossa concentração não é forte o suficiente. Nesse caso precisamos voltar atrás e re-estabelecer a nossa atenção na inspiração e expiração, dando tempo para que a mente descanse na calma da concentração. Se praticarmos muita contemplação sem primeiro ter acalmado a mente, veremos que os pensamentos se tornam excessivos e inquietos e que estamos observando apenas a mente proliferando. Esse não é o modo correto de contemplar. Por conseguinte, novamente devemos voltar atrás e pacificar a mente, dando-lhe tempo para descansar e recuperar a sua força. Qualquer que seja o método que empreguemos para aquietar a mente, quer seja a atenção plena na respiração, meditação de metta, recordação do Buda ou contemplação da morte, todas produzem o mesmo resultado.
14. Além da Calma
Se conseguirmos praticar deste modo, meditando regularmente e desenvolvendo a atenção plena na vida diária, então cedo ou tarde chegaremos ao ponto em que sentamos para meditar e experimentamos um sentimento de grande paz. Sentimos leveza no corpo e a mente parece unificar-se abandonando todas as suas preocupações e aflições habituais, tornando-se muito quieta e concentrada. Esse é o resultado de todo o esforço dedicado ao desenvolvimento da atenção plena. A concentração é o fundamento, mas temos que ir além da calma da concentração e usar o seu poder para desenvolver a sabedoria. Até agora a sabedoria foi encontrada através daquilo que foi ouvido e escutado. Essa é a sabedoria originada da discussão de conceitos e coisas, de perguntas e respostas, do estudo das escrituras. Esse é um tipo de sabedoria, mas é a sabedoria que depende da faculdade da memória e dos pensamentos. Esse tipo de sabedoria tem a sua função e proporciona um nível de entendimento, mas o Dhamma verdadeiro que o Buda ensinou provém de uma mente pura, de uma mente iluminada, de uma mente desperta. Ao colocar os ensinamentos em prática e desenvolver a concentração podemos experimentar a sabedoria genuína. Esta é a visão clara, ao invés da reflexão baseada no pensamento, feita nos estágios preliminares da prática. A sabedoria que surge através da concentração tem o poder de superar os hábitos prejudiciais e as tendências da mente. E assim, quando estudarmos os textos novamente o nosso entendimento será real, porque experimentamos aquilo por nós mesmos.
15. Trazendo a Prática para Casa
Todos os dias quando você chegar em casa, desenvolva uma atitude de alguém que está dedicado à prática. Tente não trazer com você para dentro de casa todos os seus assuntos e preocupações do trabalho; quando você chegar em casa tente deixá-los de lado. Se você tiver um pequeno altar ou santuário em casa, veja se encontra um tempo para fazer as suas reverências e recitar um pouco das escrituras, só para colocá-lo num clima favorável. E é claro, faça também um pouco de meditação. Tente desenvolver a auto-disciplina e a motivação para fazer isso com regularidade. Porque se você puder fazer disso um hábito, irá descobrir que estará sempre revigorando o seu esforço na prática, revigorando a sua convicção nos ensinamentos. Enquanto mantivermos esse esforço sincero, teremos uma energia positiva. Mesmo que ainda não experimentemos a perfeita paz, veremos que continuamos inspirados. Isso nos dará a habilidade para resistir aos estados de humor habituais e os estados mentais prejudiciais nos quais, de outra forma, estaríamos aprisionados. Precisamos, no entanto, ter cuidado para não nos tornarmos preguiçosos e demasiado distraídos. Se não desenvolvermos bons hábitos e auto-disciplina a prática pode se tornar demasiado irregular, significando que algumas vezes praticamos, mas outras não. Gradualmente, os hábitos prejudiciais da mente terão a oportunidade de assumir o controle novamente e mesmo quando praticarmos a meditação, a mente estará tomada pelos pensamentos distraídos e pela proliferação. No fim das contas, vamos começar a sentir que não vale a pena, que a prática não está progredindo, e talvez desistir. Portanto, temos que manter a motivação. Encontrar uma forma de colocar esforço na prática, mesmo que seja pequeno, porque isso sempre ajudará a energizar a mente e estimular a motivação. E enquanto você estiver motivado, a prática será mantida.
Ajaan Anan Akiñcano
Não estarei postando mais capítulos para os visitantes do blog, mas o livro completo ainda contém os seguintes capítulos:
Atenção Plena ... O cerne da prática
16. Atenção no Momento Presente
17. De Momentos a Minutos
18. Trazendo de Volta (Novamente e Novamente)
19. Igual a Treinar Búfalos Domésticos
20. Comprometido com a Atenção Plena
21. A Sabedoria da Paciência
22. Chegando em Casa
Motivação ... Porque Praticar?
23. Buscando por algo Verdadeiro
24. Um Senso de Separação
25. A Plenitude do Dhamma
26. O Quadro Completo
27. O Dhamma está Sempre Aqui
28. Surgindo e Desaparecendo
29. Faça do Sofrimento o seu Professor
30. A Hora é Agora
Virtude ... Diretrizes para a Vida
31. O Valor da Bondade
32. Uma Base para o Coração
33. Sila
34. Um Parâmetro para a Vida
35. Entendimento Correto
36. A Dádiva da Generosidade
Karma ... Acões e seus Resultados
37. Karma Aqui e Agora
38. Karma é Ação
39. Sem Desculpas
40. Lidando Sabiamente com Pragas
41. À Deriva no Oceano de Karma
Bondade ... Estar em Paz
42. Como Viver no Mundo
43. Disposição para Aprender
44. Para Além do Julgamento
45. A Importância dos Bons Amigos
46. Como ser um Bom (e Sábio) Pai e Mãe
47. Retribuindo para os Nossos Pais
48. Honrando a Gratidão
49. Esperando e Aceitando
50. Relativo a Porcos e Crianças
Pode ser lido clicando na fonte abaixo.
Fonte:
http://www.acessoaoinsight.net/arquivo_textos_theravada/Anan_indice.php
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