sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Ensinamentos Acessíveis, Verdades Profundas





Dia 12 de agosto o site www.acessoaoinsight.net, comemorou 10 anos de existência, e em comemoração publicaram um livro inédito de um autor desconhecido no Brasil. O livro é uma coletânea de palestras e conversas informais de Ajaan Anan Akiñcano. Vai a partir das noções básicas sobre os ensinamentos de Buda e meditação, até as verdades mais profundas como o título sugere. Muito bom para quem quer conhecer ou até mesmo começar a meditar e a entender de forma simples e direta alguns dos mais importantes ensinamentos do Budha.

Ensinamentos Acessíveis, Verdades Profundas.

1. O que é isso?
Este é um caminho que conduz não somente à felicidade mas à paz interior também. Começa com o auto-controle e a prática da meditação. Com a mente quieta é quando surge essa felicidade pura. Ela em absoluto não depende de coisas externas. Não precisamos empregar nenhum estímulo externo para experimentá-la, porque é uma paz e felicidade que vêm do interior. E quando empregamos esse caminho para abrir mão dos nossos apegos, experimentamos uma felicidade ainda mais profunda. Pratique e por si mesmo você verá que esse é o caminho correto.

2. Sobre a Felicidade
O Buda admitiu que os vários tipos de conforto originados do ganho material são uma verdadeira forma de felicidade. Mas ela é apenas temporária. O tipo de felicidade que obtemos tendo dinheiro, posses, amizades e as experiências associadas com isso é temporário. E por essa razão, há sofrimento oculto nisso. Obtemos a felicidade, mas depois a perdemos novamente, conduzindo a um ciclo no qual a mente quer mais, quer experimentar novamente, quer se apegar e agarrar. E isso traz o sofrimento. Se as pessoas nunca refletirem sobre isso elas tenderão a ficar aprisionadas nesse ciclo habitual. Mas o Budismo nos auxilia a olhar esse processo por dentro, a ver o sofrimento que acompanha o apego à felicidade material e compreender claramente o nosso potencial para encontrar algo que satisfaça mais profundamente.

3. Trabalhar pela Riqueza Interior
Muito embora sejamos ocupados, muito embora tenhamos família, devemos encontrar tempo para a prática. Praticamos para encontrar a riqueza interior, a riqueza que surge ao ver o Dhamma. Talvez gastemos quarenta horas por semana buscando a riqueza exterior, dinheiro e os recursos para viver, mas precisamos também encontrar o tempo para desenvolver essa riqueza interior, que é o nosso caminho para a verdadeira felicidade. Sempre que tenhamos algum tempo livre podemos dedicá-lo a incrementar o nível da nossa atenção plena e entendimento. No fim das contas, temos como objetivo desenvolver a atenção plena e observar a verdade em todos os momentos, quer seja em pé, sentado, caminhando ou deitado. E se fizermos esforço nesse sentido, passaremos a ver que o Dhamma que o Buda ensinou na verdade está muito próximo.

4. A Primeira Nobre Verdade
O Buda nos encorajou a despertar para o modo como as coisas são, a ver a verdade das coisas. Ele nos ensinou a contemplar as Quatro Nobres Verdades, e a Primeira Nobre Verdade é que existe dukkha, insatisfação e sofrimento. Isso é parte da vida. Temos estados mentais tristes, dores no corpo, situações nas quais não obtemos aquilo que queremos, preocupação e medo, tristeza e angústia, separação das coisas e pessoas que apreciamos e amamos. Simplesmente devido a todas as dificuldades decorrentes de viver no mundo, proveniente dos assuntos do trabalho e da família, nos deparamos com situações insatisfatórias e estressantes e condições distintas que trazem para a mente uma noção de descontentamento. Todas essas experiências variadas são chamadas dukkha, sofrimento. E nisso é que precisamos aprender a ver apenas o sofrimento, como uma Nobre Verdade, que as coisas são assim. Se tivermos fé nos ensinamentos do Buda, então teremos um método para lidar com esses problemas, o sofrimento com o qual nos deparamos. Os ensinamentos nos encorajam a praticar, tentar superar todas as tendências prejudiciais, que são alimentadas pela delusão e pelo entendimento incorreto, e que impedem o surgimento da bondade e da felicidade na nossa mente. Temos que contemplar essas tendências de modo a vê-las com clareza e abandoná-las. Porque se as seguirmos, elas sempre nos irão conduzir ao sofrimento. Se seguirmos a cobiça ela irá nos conduzir ao sofrimento. Se seguirmos a raiva ela irá nos conduzir ao sofrimento. Se seguirmos a delusão ela irá nos conduzir ao sofrimento. Sempre que seguirmos essas contaminações mentais elas irão nos arrastar na direção do sofrimento e contaminar a nossa mente. Mas elas não acabam nisso, elas não surgem simplesmente e desaparecem. Quanto mais cedemos, mais elas crescem tornando-se estabelecidas na mente e alimentando-se da nossa falta de entendimento. A única coisa que essas contaminações realmente temem é a virtude, a concentração e a sabedoria. Esse é o caminho de prática que o Buda nos deu, o caminho que conduz diretamente ao abandono da cobiça, ao abandono da raiva e ao abandono da delusão. No início pode parecer muito duro aceitar o nosso sofrimento, mas mesmo assim tenha consciência dele, mantenha a atenção plena, saiba que o sofrimento é assim. Podemos de repente compreender, "Ah, a vida simplesmente é assim!" Não significa julgar ou emocionar-se por isso, mas somente saber, "É desse modo e não poderia ser de nenhum outro modo." Como quando experimentamos algum tipo de problema no trabalho. Sabemos que é normal que os problemas surjam, isso é o esperado. Quando temos esse tipo de consciência, da inevitabilidade das dificuldades, a mente fica em paz. Sabemos que assim é como as coisas são e não sofremos desnecessariamente quando elas surgem.

5. Alguma Coisa da Qual Possamos Depender
Quando decidimos dedicar nosso tempo livre para a prática do Dhamma, então usamos esse tempo para estudar, recordar-nos dos ensinamentos, meditar e desenvolver a paz nos nossos corações. Deixamos de lado as nossas preocupações com o trabalho e a família e conduzimos a mente ao objeto de atenção. Ao estabelecer a atenção plena na sensação da respiração entrando e saindo, estamos desenvolvendo a consciência do momento presente. E quando mantemos a atenção desse modo, sem deixar que ela se desgarre, a mente começará a se acalmar e a tornar-se concentrada. Na medida em que a mente vai se acalmando ela experimenta o prazer, um sentimento de satisfação interior que surge da ação de observar atentamente um objeto. Junto com esse sentimento de satisfação, a alegria irá surgir, acompanhando o interesse da mente pelo seu objeto de meditação. Algumas vezes podemos até mesmo experimentar uma profunda felicidade e contentamento interior, de um tipo nunca antes experimentado. É uma felicidade interna que surge como resultado dos nossos próprios esforços depois de treinar a mente para permanecer atenta a um único objeto. Ela não surge do contato com coisas externas da forma habitual como falamos da felicidade. Antes de experimentar isso, nós nunca poderíamos ter imaginado que a prática da contínua atenção plena poderia trazer esse tipo de sentimento de satisfação. Mas se desejamos ter uma mente em paz, temos que entender que a verdadeira paz e felicidade podem apenas ser encontradas dentro de nós.
Ajaan Anan Akiñcano

Estarei postando mais alguns capítulos para os visitantes do blog, mas o livro completo pode ser lido clicando na fonte abaixo.

Fonte:
http://www.acessoaoinsight.net/arquivo_textos_theravada/Anan_indice.php
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