
Meditação ... O desenvolvimento da mente
7. Aprendendo a Conhecer a Mente
Quando começamos a meditar, rapidamente iremos notar que ficar sentado mesmo por um minuto parece quase impossível. Tudo que experienciamos é inquietação e agitação. Com a prática no entanto, logo seremos capazes de sentar por períodos de tempo mais longos. Cinco minutos, dez minutos, quinze minutos - por fim seremos capazes de sentar por meia hora com facilidade. Algumas vezes a meditação traz paz, outras não, mas nos estágios iniciais o elemento chave é a paciência. É importante notar que os cinco obstáculos para a paz na mente - desejo sensual, má vontade, preguiça e torpor, inquietação e ansiedade, e dúvida - não são criados pela meditação. Eles simplesmente já se encontram presentes. Na vida diária estamos acostumados a pensar muito e com freqüência de um modo não muito hábil ou controlado. Esse tipo de pensamento tende a agitar a mente e criar diferentes tipos de estresse mental. Então, quando nos sentamos para concentrar a mente na respiração, ou algum outro objeto de meditação, aquilo que é notado primeiro é o que já está presente. De repente vemos, "Hum, tem um montão de pensamentos acontecendo." Portanto, para começar, aceite como algo normal que a mente destreinada seja assim. E o modo habilidoso para lidar com isso é desenvolver essa qualidade da atenção plena. Meditamos para conhecer a nossa mente. Mas isso não significa pensar, "Tenho que ficar em paz!" Se pensarmos desse modo e nos agarrarmos a isso, ficaremos irritados conosco mesmo quando não estivermos em paz. Nosso objetivo é simplesmente conhecer a mente. E quando estivermos trabalhando no desenvolvimento da atenção constante, isso irá incluir ocasiões em que não experimentaremos muita paz, quando houver pensamentos e distrações surgindo. Nesses casos, ficamos apenas com o conhecer. "Ah, agora a mente está distraída." Haverá também ocasiões em que a nossa atenção plena e concentração estarão fortes e os obstáculos desaparecerão. Nesses casos, temos consciência disso."Agora a mente está em paz. Agora a mente está calma e concentrada." Qualquer que seja a experiência, nós a conhecemos pelo que ela é. Esse é o nosso objetivo.
8. Gerando Impulso com a Atenção Plena
Se nos dedicarmos todos os dias, a meditação começará a ganhar impulso por conta própria. Quando acordarmos vamos querer praticar meditação, sempre que tivermos algum tempo livre vamos querer praticar meditação, e se surgir a oportunidade vamos querer praticar durante todo o dia.
Se praticarmos de modo consistente com atenção plena, a qualquer hora do dia que formos meditar, quer seja pela manhã ou à noite, a mente irá se dirigir a um estado de paz com muita facilidade. Isso é o que chamamos desenvolver a mente continuamente. Sempre que tivermos a atenção plena estabelecida estaremos desenvolvendo a mente. No entanto, mesmo que sentemos durante todo o dia com os olhos fechados, se não houver atenção plena, o nosso esforço trará pouco benefício. Se praticarmos a meditação andando durante todo um dia mas a nossa atenção plena não estiver estabelecida firmemente, então não estaremos aplicando o esforço correto na meditação. Para realmente fazer o esforço correto temos de nos empenhar no abandono de todos os estados mentais prejudiciais que tenham surgido, fazer com que estados benéficos surjam e uma vez presentes, procurar mantê-los na mente. Quanto aos estados mentais prejudiciais que já foram abandonados devemos nos empenhar para que eles não surjam novamente. Se estivermos praticando desse modo, com atenção plena, então, quer seja em pé, sentado, caminhando ou deitado, estaremos de fato desenvolvendo a mente.
9. Reflexão Sábia
Haverá ocasiões em que a mente estará demasiado inquieta para simplesmente observar a respiração ou permanecer com a palavra de meditação. Nessas ocasiões pode ser que precisemos empregar a reflexão sábia. A reflexão sábia se dá quando empregamos o pensamento de modo consciente para conduzir a mente para um estado de paz. Podemos empregar a recordação das qualidades do Buda, os quatro brahma-viharas, a recordação da morte, recitação dos suttas, ou outros modos de contemplação do Dhamma. Algumas pessoas percebem que o seu temperamento é mais adequado para esse estilo de meditação com reflexão e contemplação, enquanto que outras irão perceber que permanecer com um único objeto de meditação, como por exemplo a respiração, irá pacificar a mente com facilidade. Muitos praticantes, no entanto, percebem que pode ser útil empregar esses dois aspectos em revezamento como meio para acalmar a mente. Na tradição das florestas da Tailândia é bastante comum os praticantes usarem a recordação do Buda como seu principal objeto de meditação. Além de recitar 'Buddho' junto com a respiração, podemos também recordar as qualidades do Buda para acalmar a mente. O Buda foi um perfeitamente iluminado. A mente dele era pura, livre das contaminações mentais, livre do sofrimento, experimentando paz constante. Ele não só purificou a própria mente, descobrindo um meio de libertá-la da delusão e do apego, como ele também desenvolveu a sabedoria para ensinar outros a seguirem o mesmo caminho. Devido à nossa fé no Buda e nos seus ensinamentos, quando entramos ou saímos de um templo, é costume prestar-lhe homenagem prostrando-se três vezes ante a estátua do Buda. Quando fazemos isso estamos recordando a iluminação do Buda e o que isso significa. Recordamos as qualidades mentais que ele aperfeiçoou, isto é, a sua grande compaixão, grande pureza e grande sabedoria. Ele desenvolveu essas virtudes e outros aspectos da sua prática espiritual ao longo de incontáveis vidas, com o voto de tornar-se um Buda durante todo o tempo. O seu voto foi finalmente realizado ao experimentar a felicidade da libertação sentado sob uma figueira-dos-pagodes na Índia há 2.500 anos. Daí, ele começou a ensinar o caminho para superar o sofrimento que ele havia descoberto por si próprio. O Buda ensinou o caminho para a perfeita paz e felicidade, por bondade e compaixão por todos os seres sencientes deste mundo. E quando os seus discípulos também realizaram a iluminação eles foram enviados para disseminar os ensinamentos em benefício de todos os seres. Esses ensinamentos têm sido transmitidos e compartilhados até os nossos dias. E é devido a isso que ainda existem seres iluminados no mundo.
Ajaan Anan Akiñcano
Estarei postando mais alguns capítulos para os visitantes do blog, mas o livro completo pode ser lido clicando na fonte abaixo.
Fonte:
http://www.acessoaoinsight.net/arquivo_textos_theravada/Anan_indice.php
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