quinta-feira, 13 de maio de 2010

Superando a Ilusão do Eu parte 1

Ontem iniciei um curso sobre o Dhammapada, então as próximas postagens terão esse tema como base, mas não ficarei restrito somente a este tema, hoje por exemplo postagem é na verdade sobre superar a ilusão do eu, mas que cita alguns versos do Dhammapada para esta ajuda.

Sobre o Dhammapada:
O Dhammapada é um livro que é um tipo de catecismo no buddhismo, em relação a todas as escolas buddhistas, é o livro mais publicado do mundo, é também  um dos primeiros, senão o primeiro livro buddistha a ser publicado em alguma língua ocidental, e é também o livro buddhista publicado em mais línguas.
É um livro composto de versos, são 423 versos. É uma coletânia de passagens inspiradoras que aparencem em outros lugares, são passagens que exemplificam bem o ensinamento do dhamma. Era usado como um resumo da doutrina, também ajudavam os monjes a ensinar. É um livro canônico, aceito então, como refletindo a palavra do Buddha.  

Superando a ilusão do eu parte 1:
O que o Buddha descobriu?

Buddhi, em sânscrito, significa o intelecto puro, a mente que está livre da
influência condicionada das emoções, de forma que nela não se constroem observações
nem deduções tendenciosas ou preconceituosas. A mente da maioria das pessoas
funciona com todo tipo de preconceito e perversão, de maneira que todas as suas
percepções e todos os seus pensamentos estão maculados e são condicionados a seguir
padrões pré-estabelecidos. Desse modo, as pessoas nunca aprendem as coisas na sua
verdadeira natureza. O poder e o alcance da mente permanecem limitados e confinados.
Buddha, o Desperto, foi alguém que libertou sua faculdade intelectual de todas
as distorções, levando-a ao maior grau de clareza possível. A partir disso ele conseguiu
desenvolver uma atenção aguçada e um insight penetrante sobre como o corpo e a
mente funcionam juntos. Conforme seu insight se tornava mais profundo, ele ia
discernindo a razão pela qual existem mente, corpo e todos os fenômenos relacionados a
eles. Através desse insight perfeito, o Buddha observou o ciclo completo de causa e
efeito, a lei do kamma (em sânscrito, karma) em relação aos elementos da mente e da
matéria e teve a experiência direta de como essa lei funciona.
O Desperto viu que a infelicidade e o sofrimento experimentados pelos seres têm
suas raízes na própria mente. Cultivando a consciência e obtendo controle sobre os
processos mentais, a pessoa pode alterar, minar e destruir essas causas que provocam o
sofrimento, a tristeza e a frustração. Pode cultivar e desenvolver outras causas,
tornando-as firmemente estabelecidas na mente, o que lhe permite experimentar o fim
gradual de toda tristeza e confusão. Ela vive então num estado de calma e felicidade,
livre de toda dúvida, pesar, ansiedade e outros estados que perturbam seu bem-estar.
O Buddha disse nas primeiras duas estrofes do Dhammapada:

"Os fenômenos são precedidos pela mente,
Governados pela mente, feitos pela mente.
Se alguém age ou fala com a mente impura,
O sofrimento o segue, como a roda da carroça
Segue a pata do boi que a puxa.
Se alguém age ou fala com a mente pura,
A felicidade o segue,
Como sua sombra que nunca o abandona."

Quais são esses fatores mentais, essas fontes de onde surgem o sofrimento, a
confusão e as aflições da vida? O Buddha descobriu que são a ganância e o desejo, a
sede insaciável por objetos de satisfação sensual e a tentativa de encontrar a felicidade
nas coisas do mundo, que são impermanentes. Num nível mais profundo, isso tudo se
deve à falsa noção de um eu ou alma permanente e individual, que experiencia os
objetos do mundo como sendo separados e distintos dele.
Na verdade, essa noção de "eu" é apenas uma sensação ilusória e delusória que,
devido à ignorância, se fixa à consciência como um parasita. Essa idéia equivocada de
"eu" é a razão de continuarmos desejando e ansiando viver e experimentar os objetos do
mundo.
Quando, através do insight penetrante, percebe-se a natureza da noção de um eu
individual e se compreende plenamente que ela é ilusória, gradualmente se reduz o
desejo pelas coisas, o apego a elas, a sede de uma existência egoísta, a ambição de se
impor e reduzem-se as ações que resultam desses fatores, até que eles sejam
definitivamente eliminados da mente. Como expõe outro verso do Dhammapada:

"Pouco a pouco, uma por uma, de momento a momento,
um sábio
remove as suas impurezas
como o ferreiro remove
as impurezas da prata."

Quando a mente está livre dessas fontes e condições das quais brotam tristeza,
dor e inquietação, o que sobra é um estado puro de paz, calma e felicidade sustentado
pela sabedoria e pela compaixão. Tal mente não se abala ou perturba minimamente,
nem se agita ou inquieta com as vicissitudes passageiras da vida.

"Aquele que se voltou para a renúncia,
Se voltou para a mente desapegada,
Enche-se do amor que tudo abarca
E se liberta da ânsia pela vida.
Com a visão mental desobstruída,
Conhecendo a origem dos sentidos,
Sua mente está plenamente libertada.
Quem encontrou a calma no coração
Não mais acumula as ações que praticou,
E nada resta para ele fazer.
Como uma rocha sólida e forte
Não se agita com o vento,
Não mais podem formas visuais, sons,
Aromas, sabores, toques,
Coisas belas e feias
Abalar o iluminado.
Firme é sua mente, sua mente está liberta
Vendo como tudo surge apenas para desaparecer."

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