sexta-feira, 14 de maio de 2010

Superando a Ilusão do Eu parte 2

Hoje estou postando a segunda parte do material que estou lendo, que se chama Superando a Ilusão do Eu, e de forma relacionada a alguns versos do Dhammapada que é o curso que estou participando. Então se quiserem ler do começo é melhor ler as postagens de trás para frente, pois a parte 1, foi postada ontem. Segue:

A forma de aplicar ou direcionar o pensamento, no sistema de meditação
budista, destina-se a promover a purificação das condições que provocam o sofrimento. A meditação Vipassanā é cultivada, no início, por meio da atenção e da investigação com que se observam as idas e vindas da mente e do corpo durante os processos de percepção sensorial, formação do pensamento e subsequentes ações externas do corpo. Isso tudo é observado sem que se fique pessoalmente envolvido, apegado ou identificado – o que é possível. Todo o processo, nas suas várias manifestações, é visto como uma série de fenômenos condicionados impermanentes, fugazes, que não estão sendo controlados por ninguém. Quando se desliga a mente da influência sensorial e se enfraquece, com a sabedoria do insight, a idéia e a sensação de um “eu” separado que experiencia, a mente gradualmente pára de reagir aos estímulos dos sentidos; a sensação de um “eu” separado desaparece e experimenta-se um estado de consciência que discrimina, que abarca tudo, que não tem eu. Essa experiência direta, íntima, da natureza não-influenciada da mente é uma prova intuitiva de que o que consideramos um eu individual que experiencia o mundo é apenas uma noção automática e ilusória. O que existe é apenas atividade
mental e física condicionada, que surge e desaparece de acordo com a lei de causa e efeito, sem alma verdadeira ou entidade governante. Essa atividade é a fonte de algo complexo e misterioso chamado vida, com todos os problemas e dificuldades que ela implica.

Pode-se perguntar agora qual o benefício de atingir essa visão. Ela será o impulso para que comecemos de fato o processo de nos desembaraçar dessa questão toda e iniciemos a eliminação de muitas preocupações, ansiedade, medo, dor auto-infligida e desconforto que experimentamos. O meditador pára de praticar ações desnecessárias que só aumentam o envolvimento com seu corpo e mente e a escravidão a eles.

Isso acontece porque o meditador então compreende que as ações não-saudáveis praticadas no presente perpetuam esse processo. As ações atuais se baseiam naquelas realizadas anteriormente, e as ações futuras serão condicionadas pelos hábitos praticados no presente. Assim, se eliminarmos da vida as ações não-saudáveis, egoístas,
gananciosas e desnecessárias, estaremos preparando o terreno para uma vida mais calma, menos atribulada no futuro. Isso se consegue com a prática do Nobre Caminho Óctuplo, ensinado pelo Desperto para esse fim. Essa tarefa só pode ser cumprida pela pessoa, individualmente. Ninguém pode purificar a mente alheia, como mostra outro verso do Dhammapada:

“Sozinho se faz o mal, sozinho se é corrompido.

Sozinho o mal deixa de ser feito,

Sozinho se é purificado.

Pureza e impureza dependem de cada um,

O outro não pode nos purificar.”

Depende de cada pessoa começar o processo de se desembaraçar e de libertar a mente da escravidão as ações passadas. E o processo são pode ser iniciado e completado com sucesso se tivermos uma atitude adequada e desapegada em relação à mente, ao corpo e ao mundo objetivo.

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