
O Abhidhamma lida com realidades existentes num sentido último (paramattha dhamma em pali). Há quatro dessas realidades:
1. – Citta, mente ou consciência: definida como ‘o que conhece ou experiencia’ um objeto. Citta ocorre como estados momentâneos distintos de consciência.
2. – Cetasika: fatores mentais que surgem e ocorrem junto com citta.
3. – Rupa: fenômenos físicos e forma material.
4. – Nibbana: o estado incondicionado de bênção, que é o objetivo final.
Citta, cetasika e rupa são realidades condicionadas. Surgem devido a condições e desaparecerão quando cessarem as condições que os sustentam. São estados impermanentes. Nibbana, por outro lado, é uma realidade incondicionada. Não começa e, portanto, não desaparece. Essas quatro realidades podem ser experienciadas, não importando os nomes que escolhemos dar a elas. Além dessas realidades, tudo – estando dentro ou fora de nós, seja no passado, presente ou futuro, seja grosseiro ou sutil, inferior ou sublime, seja perto ou longe – não é mais que um conceito e não a realidade fundamental.
Citta, cetasika e Nibbana são também chamados de nama. Nibbana é um nama incondicionado. Os dois namas condicionados, isto é, citta e cetasika, quando adicionados a rupa (forma), constituem os organismos psicofísicos, inclusive os seres humanos. Mente e matéria (nama-rupa) são analisados no Abhidhamma como se submetidos a um microscópio. Eventos conectados com o processo de nascimento e morte são explicados em detalhe. O Abhidhamma clareia pontos intrincados do Dhamma e capacita o surgimento de uma compreensão da realidade, delineando assim, em claros termos, o Caminho para a Emancipação. A realização que obtemos por meio do Abhidhamma em relação às nossas vidas e ao mundo não pode ser entendida num sentido convencional, mas no de realidade absoluta.
A exposição clara dos processos de pensamento no Abhidhamma não pode ser encontrada em nenhum outro tratado psicológico seja do oriente como do ocidente. A consciência é definida, enquanto os pensamentos são analisados e classificados principalmente de um ponto de vista ético. A composição de cada tipo de consciência é delineada em detalhes. O fato de a consciência fluir como uma corrente, uma visão proposta por psicólogos como William James, se torna extremamente claro para quem entende o Abhidhamma. Além disso, um estudante do Abhidhamma pode compreender totalmente a doutrina de Anatta (não-self), que é importante tanto do ponto de vista filosófico quanto ético.
O Abhidhamma explica o processo do renascimento em vários planos após a ocorrência da morte sem nada passando de uma vida para outra. Essa explicação apóia a doutrina do Kamma e do Renascimento. Provê também uma riqueza de detalhes sobre a mente, bem como sobre as unidades das forças mentais e materiais, propriedades da matéria, fontes da matéria e relacionamento de mente e matéria.
No Abhidhammattha Sangaha, um manual de Abhidhamma, há uma breve exposição da ‘Lei da Originação Dependente’, seguida por um relato descritivo das Relações Causais, do qual não se encontra paralelo em nenhum outro estudo da condição humana em qualquer lugar do mundo. Por causa de suas exposições analíticas e profundas, o Abhidhamma não é um tema de interesse passageiro para um leitor superficial.
Como podemos comparar a psicologia moderna com a análise oferecida no Abhidhamma? A psicologia moderna, limitada como é, faz parte do escopo do Abhidhamma tanto quanto lida com a mente – com pensamentos, processos de pensamento e estados mentais. A diferença jaz no fato de que o Abhidhamma não aceita o conceito de uma psiquê ou alma.
A análise da natureza da mente dada no Abhidhamma não está disponível em qualquer outra fonte. Mesmo os psicólogos modernos andam no escuro em relação a temas como os impulsos mentais ou o compasso mental (javana citta), tais como discutidos no Abhidhamma. O Dr. Graham Howe, um eminente psicólogo de Harley Street, escreveu em seu livro ‘A Anatomia Invisível’:
Durante o curso de seus trabalhos, os psicólogos descobriram, assim como a obra pioneira de C.G. Jung mostrou, que estamos mais perto do Buddha. Ler um pouco de Buddhismo é perceber que os buddhistas já conheciam, 2500 atrás, bem mais sobre nossos problemas modernos de psicologia do que foi dado o crédito. Eles estudaram esses problemas há tempos e também descobriram as respostas. Estamos agora redescobrindo a Antiga Sabedoria do Oriente’.
Original:
No que os Buddhistas acreditam.
http://noqueosbuddhistasacreditam.wordpress.com/2010/08/30/o-que-e-abhidhamma/
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