terça-feira, 14 de setembro de 2010

O Dedo não é a lua.


Uma tarde Sariputta e Moggallana trouxeram um amigo, o asceta Dighanakha, para conhecer o Buda. Dighanakha era tão conhecido quanto Sanaya. Ele também era tio de Sariputta. Quando soube que seu sobrinho tinha se tornado um discípulo do Buda, ficou curioso para aprender sobre os ensinamentos do Buda. Quando pediu a Sariputta e Moggallana para explicar-lhe os ensinamentos, eles sugeriram que ele se encontrasse diretamente com o Buda.

Dighanakha perguntou, “Mas qual é o seu ensinamento? Se alguém segue o seu ensinamento será capturado por visões estreitas?”

“Meus ensinamentos não são uma doutrina ou uma filosofia. Não é o resultado de um pensamento discursivo ou uma conjectura mental como várias filosofias que debatem se a essência fundamental do universo é fogo, água, terra e vento ou espírito, ou se o universo é finito ou infinito, temporal ou eterno. Pensamento discursivo e conjecturas mentais são como formigas movendo-se lentamente ao redor da borda de uma tigela – nunca vão a lugar nenhum.”

“Meus ensinamentos não são uma filosofia. É o resultado da experiência direta. Você pode confirmá-los pela sua própria experiência. Eu ensino que todas as coisas são impermanentes e sem um eu separado. Isto eu aprendi da minha experiência direta. Você pode também. Eu ensino que todas as coisas dependem de todas as outras para surgir, desenvolver e passar. Nada é criado de uma fonte original e única. Eu experimentei diretamente esta verdade e você também pode. “

“Meu objetivo não é explicar o universo, mas ajudar a guiar outros a ter uma experiência direta da realidade. Palavras não podem descrever a realidade. Apenas a experiência direta nos habilita a ver a verdadeira face da realidade.”

Dighanakha exclamou, “Maravilhoso, maravilhoso, Gautama! Mas o que aconteceria se uma pessoa percebesse seus ensinamentos como um dogma?”

O Buda ficou quieto por um momento e depois acenou com a cabeça. “Dighanakha, isto é uma pergunta muito boa. Meus ensinamentos não são um dogma ou uma doutrina, mas não há dúvidas que algumas pessoas irão tomá-los como tal. Eu devo declarar claramente que meus ensinamentos são como um dedo apontando para a Lua e não a própria Lua. Uma pessoa inteligente faz uso do dedo para ver a Lua. Uma pessoa que apenas olha o dedo e a toma pela Lua, nunca verá a Lua real. “

“Meus ensinamentos são um meio de prática, não algo para se agarrar e adorar. Meus ensinamentos são como uma balsa usada para atravessar o rio. Apenas um tolo carregaria a balsa ao andar pela outra margem depois de tê-la alcançado, de ter alcançado a margem da liberação.”

Dighanakha juntou as palmas de suas mãos. “Por favor, Senhor Buda me mostre como ser liberado de sentimentos dolorosos.”

O Buda disse, “Há três tipos de sentimentos – agradáveis, desagradáveis e neutros. Todos os três tem raiz nas percepções da mente e corpo. Sentimentos surgem e vão embora como qualquer outro fenômeno material ou mental. Eu ensino o método de olhar em profundidade de forma de iluminar a natureza e a origem dos sentimentos, sejam agradáveis, desagradáveis ou neutros. Quando você pode ver a origem de seus sentimentos, entenderá a sua natureza. Verá que sentimentos são impermanentes e gradualmente permanecerá imperturbável pelo seu surgimento e também quando forem embora.”

“Quase todos os sentimentos dolorosos têm sua origem no modo errado de olhar a realidade. Quando você arranca visões errôneas, o sofrimento cessa. Visões errôneas fazem com que as pessoas considerem a impermanência como permanente. Ignorância é a fonte de todo o sofrimento. Praticamos o caminho da consciência de forma a superar a ignorância. A pessoa tem que olhar em profundidade para as coisas de forma a penetrar na sua verdadeira natureza. A pessoa não pode vencer a ignorância através de orações e oferendas.”


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