terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

O Buddha Existe Após Sua Morte ?

A pergunta: “O Buddha existe após Sua morte ou não” não é uma nova questão. Ela já havia sido feita ao Buddha.

Quando um grupo de ascetas fez a mesma pergunta a certos discípulos do Buddha, eles não conseguiram obter uma resposta satisfatória. Anuradha, um discípulo, se aproximou do Buddha e contou a Ele sobre a conversa. Considerando a capacidade de entendimento dos questionadores, o Buddha usualmente mantinha o silêncio para tais questões. Nessa ocasião, porém, o Buddha explicou a Anuradha da seguinte forma:

“Ó Anuradha, o que você pensa, a forma (rupa) é permanente ou impermanente?”
“Impermanente, Senhor”.
“O que é impermanente é doloroso ou prazeroso?”
“Doloroso, Senhor”.
“É apropriado considerar o que é impermanente, doloroso e sujeito à mudança como: ‘Isto é meu; isto sou eu, esta é minha alma ou substância permanente?”
“Não é apropriado, Senhor”.
“O sentimento é permanente ou impermanente?”
“Impermanente, Senhor”.
“O que é impermanente é doloroso ou agradável?”
“Doloroso, Senhor”.
“É apropriado considerar o que é impermanente, doloroso e sujeito à mudança como: ‘Isto é meu; isto sou eu, esta é minha alma?”
“Não é apropriado, Senhor”.
“São as percepções, tendências formativas e consciência, permanentes ou impermanentes?”
“Impermanentes, Senhor”.
“O que é impermanente é doloroso ou agradável?”
“Doloroso, Senhor”
“É apropriado considerar o que é impermanente, doloroso e sujeito à mudança como: ‘Isto é meu; isto sou eu, esta é minha alma?”
“Não é apropriado, Senhor”.
“Portanto, qualquer forma, sentimento, percepção, tendências formativas, consciência, que já existiram, existirão e que agora estão conectadas a si mesmo ou a outros, grosseiras ou sutis, inferiores ou superiores, longes ou perto; todas as formas, sentimentos, percepções, tendências formativas e consciência devem ser consideradas pelo conhecimento correto dessa forma: ‘Isto não é meu, isto não sou eu; esta não é minha alma’. Tendo visto assim, um discípulo nobre e instruído se desencanta com a forma, sentimento, percepção, tendências formativas e consciência. Se tornando desencantado, ele controla sua paixão e subsequentemente as descarta”.
“Estando livre da paixão, ele se emancipa e o insight surge nele: ‘Estou emancipado’. Ele compreende: ‘O nascimento foi destruído, vivo a vida santa e fiz o que tinha que ser feito. Não há mais nascimentos para mim”.
“O que você pensa, Anuradha, você considera a forma como um Tathagata?”
“Não, Senhor”.
“Ó Anuradha, qual é sua visão, você vê um Tathagata na forma?”
“Não, Senhor”.
“Você vê um Tathagata separado da forma?”
“Não, Senhor”.
“Você vê um Tathagata nos sentimentos, percepções, tendências formativas e consciência?”
“Não, Senhor”.
“Ó Anuradha, o que você pensa, você considera o que é sem forma, sentimento, percepção, tendências formativas e consciência como um Tathagata?”
“Não, Senhor”.
“Agora, Anuradha, uma vez que um Tathagata não é encontrado nessa própria vida (porque o corpo físico não é Tathagata), é apropriado para você dizer: ‘Este nobre e supremo indicou e explicou estas quatro proposições:
Um Tathagata existe após a morte;
Um Tathagata não existe após a morte;
Um Tathagata existe e ainda não existe após a morte;
Um Tathagata nem existe nem não existe após a morte?’”
“Não, Senhor”.
“Bem e certo, Anuradha. Antes e agora também Eu exponho e indico somente a verdade sobre o Sofrimento e a cessação do Sofrimento” (Anuradha Sutta – Samyutta Nikaya).

O diálogo acima entre o Buddha e Anuradha pode não satisfazer várias pessoas, uma vez que não satisfaz a mente inquiridora daqueles que buscam por respostas de um ponto de vista materialista. A Verdade Absoluta (o Dhamma) é tal que não dá satisfação para a emoção e para o intelecto. A Verdade acontece de ser a coisa mais difícil para as pessoas compreenderem. Ela apenas pode ser totalmente compreendida pelo Insight que transcende a lógica. O Estado de Buddha é a corporificação de todas as grandes virtudes e da suprema iluminação. Esse é o motivo porque o Buddhas que podem iluminar outros são muito raros nesse mundo.

Original: http://noqueosbuddhistasacreditam.wordpress.com/

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